quinta-feira, 25 de agosto de 2011

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Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem este olhar vazio,

Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança

Tão simples, tão certa, tão fácil:

Em que espelho ficou perdida

A minha face?

Cecília Meireles

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[1] Foi com essa poesia que Berenice iniciou seu memorial como educanda/educadora no PRONERA Sudeste do Pará. No dia 26 de junho de 2005, após muitas ameaças, a educadora Berenice foi assassinada, quando se dirigia a um encontro de educadores/as do PRONERA-EJA, por seu ex-companheiro, com três golpes de machado na cabeça.

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