quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Flores de todas as cores.


Foto: Calu




Os cogumelos do Paraíso  
Cristiane Neder 


Minha loucura
não tem complexo
nem de Édipo, nem de Electra,
nem de qualquer puro amor
que saia das artérias. 

Vivo no paraíso dos cogumelos
dias tristes, dias alegres,
mas tudo é ilusão passageira,
só não passa nesta vida
a casca estrangeira. 

O doce e o amargo
do sabor da tua língua
ficou no Caribe
lá nos Portos cheios de gozo
e de prostituição. 

Os cogumelos do paraíso
são adubados com a maresia
e os marujos já não são mais fêmeas,
pois as fêmeas são eternos machos
depois da ceia que consome seus rabos. 

Nós não temos nada,
se temos a vida
ela ainda nos deve a morte,
portanto tudo é ilusão
dias de trabalho, outros de ócio
dias de amor, outros de ódio,
e os cogumelos são adubados
para fabricar desejos,
e onde não há alucinação
não germina gente,
nem se fabrica coração. 


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Alcoólicas

de Hilda Hilst



É crua a vida. Alça de tripa e metal.

Nela despenco: pedra mórula ferida.

É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.

Como-a no livor da língua

Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me

No estreito-pouco

Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida

Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.

E perambulamos de coturno pela rua

Rubras, góticas, altas de corpo e copos.

A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.

E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima

Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.


*Foto: Cirandeiras lunáticas.
(Ilha de Cotijuba - PA).




Postado por Sil.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

***

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem este olhar vazio,

Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança

Tão simples, tão certa, tão fácil:

Em que espelho ficou perdida

A minha face?

Cecília Meireles

***



[1] Foi com essa poesia que Berenice iniciou seu memorial como educanda/educadora no PRONERA Sudeste do Pará. No dia 26 de junho de 2005, após muitas ameaças, a educadora Berenice foi assassinada, quando se dirigia a um encontro de educadores/as do PRONERA-EJA, por seu ex-companheiro, com três golpes de machado na cabeça.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O album da cidade das árvores.

Mas quando(?!) que ia lembrar de todas as fotografias dessa cidade. Não, num me lembro não! Das fotos reveladas na memória sequelada da gente. Vamo lá vê se a gente se lembra. Eu sei de uma foto das adoradoras de árvores, daquelas que também admiram a estrada. Tinha uma foto quase linda. Uma dos mamulengos na janela de um sitiozinho de enormes mensageiros do vento?! Lembra?! Ah, teve até uma foto de brigadeiro de jacaré. Aí vem uma sequencia de 3x4 de cachoeira de gentes, gostos, caras e suores. (Foi tanta imagem, som, gostos apimentados tudo em película). Uma foto bem grandona que era pra caber a praça cheia de coisas, de música e de calor. No mei da multidão foi que eu me dei conta da cidade das árvores. Caralho!!! Dá mesmo pra gente perceber como o céu muda de canto pra canto. A chuva aqui é tão espontânea. E por enquanto fica uma foto preferida da gente aquela que revela o cheiro das fêmeas nas nuvens, daquelas que gostam de gritar IerrEEii!!!!! ( Só pra frescar mesmo)

"Não, não é uma estrada, é uma viagem
Tão, tão viva quanto a morte
Não tem sul nem norte
Nem passagem"

Se rasguem bichas!!!



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

obaaaaaaaa!

CHEGUEI PRIMEIRO PARA CIRANDAR
ABRIR A RODA E APERTEI AS MÃOS
CANTAREI O INSTANTE VOLÁTIL
OUVIREI O QUE O VENTO ME DIZ
DANÇAREI COM AS LUNAS
SEREI TALVEZ FELIZ

SIL (ABRIU A RODA Ô SIL...)

o ritual costumeiro da vaca!


quando fomos pra ilha de cotijuba...